sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Canto da lembrança



esqueci
não quero me perder
tentando lembrar

este momento
é o melhor argumento

o que serei
nunca saberás

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ESBOÇO DO DELÍRIO PROVISÓRIO

empalho pensamentos na minha cabeça 

rascunho corredores nos muros 

viver é escuro porem a morte madrugada 

gaveta repleta de gestos e a chave perdida 

mordo o que a paisagem arrefece 

o gosto que me engole 

noite que me isole 

pequeno grão entre os dedos do dia 

a loucura são gritos alimentados pelo silêncio

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Grandes lábios





meu lábio superior
toca a lua
com isso o espaço
sufoca a minha fala
digo estrelas inúteis
gesticulo escuros
debalde claridades
meu lábio inferior
me ocupa
com essas palavras

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Casca desferida




a ponta do dedo mínimo
roça a minha entranha
finjo que não sinto
algo me inclina
para o centro
máscaras de dor e gozo
são iguais
quando olhadas no espelho
o que difere é por dentro
e o líquido expelido
sei que estou doendo
não sei por onde
a gaze da palavra
me esconde

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010




Folha de rosto




as folhas do meu rosto
amassadas
esperam o texto
embora pareça
eu não estou angustiado
as falhas no meu rosto
amansadas
espiam o texto

DEPOIS QUE MORREM

  sei para onde vão as mães depois que morrem a saudade forma um túnel e a luz que vem em sentido contrário as transformam em cinz...