o poeta quer ficar pra sempre
no poema
mais que o poema quer ficar
no poeta
logo vem a última palavra
e antes do silencio
o poeta se cala
eterno é o poema
sem a fala
terça-feira, 30 de março de 2010
DORES
o amor
nos isenta da dor
e a lágrima
e o sangue derramado
e a ferida aberta
por toda a vida
tudo passa
como se não
estivéssemos vendo
mas tudo não passa
de outra maneira
de estar doendo
nos isenta da dor
e a lágrima
e o sangue derramado
e a ferida aberta
por toda a vida
tudo passa
como se não
estivéssemos vendo
mas tudo não passa
de outra maneira
de estar doendo
segunda-feira, 29 de março de 2010
ABRIGO
quem beija sozinho
não deixa marcas
o chão se abre
para os solitários
mas a queda é rasa
os ossos nem precisam
ser recolhidos
tornam-se casa
não deixa marcas
o chão se abre
para os solitários
mas a queda é rasa
os ossos nem precisam
ser recolhidos
tornam-se casa
POEMA DE FATINHA REGO BARROS
Chegada
Corro o risco
De correr e não sair do lugar
Vejo ao meu redor
As paisagens desfiguradas
Mas elas não mudam de lugar
As mesmas árvores e sombras
Corro o risco
De correr e não chegar
Corro o risco
De correr e não sair do lugar
Vejo ao meu redor
As paisagens desfiguradas
Mas elas não mudam de lugar
As mesmas árvores e sombras
Corro o risco
De correr e não chegar
quinta-feira, 25 de março de 2010
PÉROLAS AOS POUCOS
um poema salvador do mundo
debalde
lançar a luz sobre a merda
não a transforma em flor
debalde
lançar a luz sobre a merda
não a transforma em flor
segunda-feira, 22 de março de 2010
MENSAGEIRO DO ABISMO
um homem com pouca mão
não sabe um abraço
não sabe um afago
não sabe um soco bem dado
um homem com pouca mão
não para um trem
não sabe o mundo que cabe
na pouca mão quem tem
não sabe um abraço
não sabe um afago
não sabe um soco bem dado
um homem com pouca mão
não para um trem
não sabe o mundo que cabe
na pouca mão quem tem
quinta-feira, 18 de março de 2010
espelhos
do outro lado do poema
: o olho
a paisagem elencando vidas
deste lado do poema
: o silêncio diante de palavras invisíveis
: o olho
a paisagem elencando vidas
deste lado do poema
: o silêncio diante de palavras invisíveis
sexta-feira, 12 de março de 2010
ABATE
nem todo coágulo é sangue
nem todo sangue é vivo
nem todo vivo é coágulo
um círculo de plástico
desenrola em jardim
nem todo sangue é vivo
nem todo vivo é coágulo
um círculo de plástico
desenrola em jardim
DESPOJOS
o alvoroço e suas consequências
escalar a emoção sem piscar
violar os gritos sem presença
deixar em festa os incomodados
nunca mais vou te deixar
segurando meu couro
se por acaso eu morrer
deixarei meu ócio
e o modo de segurá-lo
e aos ossos asas
ao que posso nada
escalar a emoção sem piscar
violar os gritos sem presença
deixar em festa os incomodados
nunca mais vou te deixar
segurando meu couro
se por acaso eu morrer
deixarei meu ócio
e o modo de segurá-lo
e aos ossos asas
ao que posso nada
quarta-feira, 10 de março de 2010
cansaço mecânico
não vou consertar mais nada
o que estiver quebrado
vai permanecer quebrado
as ondas os amores
as coisas impensáveis
a máquina que evita a dor
em nada mais porei minhas mãos
meus motivos
minhas chaves e alavancas
e principalmente o meu tempo
deixarei que fiquem assim
amontoadas
sem funcionar
até que eu me torne
uma delas
o que estiver quebrado
vai permanecer quebrado
as ondas os amores
as coisas impensáveis
a máquina que evita a dor
em nada mais porei minhas mãos
meus motivos
minhas chaves e alavancas
e principalmente o meu tempo
deixarei que fiquem assim
amontoadas
sem funcionar
até que eu me torne
uma delas
segunda-feira, 8 de março de 2010
AR DE CONFESSIONÁRIO
passei a tarde
bebendo culpas
dos outros
as minhas não
tiveram princípio
pediram tarde
demais o início
amo precipícios
não caio sem
certeza de nada
bebendo culpas
dos outros
as minhas não
tiveram princípio
pediram tarde
demais o início
amo precipícios
não caio sem
certeza de nada
sexta-feira, 5 de março de 2010
OUTROS GESTOS OBSCENOS
a tripa do inseto chegou
bordou a manhã na parede
como se estivesse esmagado
traço o perfil da tarde
como quem morre
adeus e outros gestos obscenos
guardo no cantil
não sei com quem repartirei minha sede
não sei com quem partirei
solto os trincos
cuspo as portas
não importa se o passo ainda não veio
verto o caminho
a partir do que vejo
chego aonde não posso cegar
bordou a manhã na parede
como se estivesse esmagado
traço o perfil da tarde
como quem morre
adeus e outros gestos obscenos
guardo no cantil
não sei com quem repartirei minha sede
não sei com quem partirei
solto os trincos
cuspo as portas
não importa se o passo ainda não veio
verto o caminho
a partir do que vejo
chego aonde não posso cegar
quinta-feira, 4 de março de 2010
EXTERIOR EXTIRPADO
minha dor
nunca ultrapassa os limites
chega até à morte
e daí não passa
gritos esparsos
espasmos
pequenas gotas
num oceano sem água
minha dor
sente meu latejar
projeta uns sorrisos
até me extirpar
nunca ultrapassa os limites
chega até à morte
e daí não passa
gritos esparsos
espasmos
pequenas gotas
num oceano sem água
minha dor
sente meu latejar
projeta uns sorrisos
até me extirpar
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O PASSADO
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minha baixa imunidade não me permite tocar as palavras esse meu silêncio pelo que me lembro antecipa meus ossos gostaria de ve...
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a lua ao fundo antes da lua a árvore com seu vestido verde e sapatos escuros entre os cabelos da árvore a lua ao fundo ou a ...
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a vida corre mais rápida que nós precisamos encontrar a velocidade da flor e ficar