o mundo
é um palhaço degolado
que insiste
em se ver maquiado
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
MECANISMO DE LEITURA
então depois que foi escrito
fica difícil não doer
o que foi pensado
não é o que está escrito
o que está escrito
não é o que vai ser lido
e o que vai ser lido
do mesmo modo
não vai ser pensado
e o que era escuro no início
torna-se dor em princípio
fica difícil não doer
o que foi pensado
não é o que está escrito
o que está escrito
não é o que vai ser lido
e o que vai ser lido
do mesmo modo
não vai ser pensado
e o que era escuro no início
torna-se dor em princípio
O POEMA QUE NÃO CABE MAIS AQUI
o tamanho do sonho
independe da cabeça
aliás um sonho
não depende da cabeça
esse poema era um sonho
não cabe mais aqui
independe da cabeça
aliás um sonho
não depende da cabeça
esse poema era um sonho
não cabe mais aqui
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
PASSAGEM
todas as coisas que senti
encheram as malas
todos os meus caminhos
encheram as malas
nem sempre
viajar requer passagem
viajar requer passagem
todos os meus caminhos
terminaram em muros
desfaço as malas
penduro os sentimentos no futuro
com palavras pago a pousada
em silêncio instalo as asas
RASGANDO PAPÉIS
quando não querem
ser rasgadas
as páginas se dobram
o mesmo não pode
fazer as palavras
quando menos esperam
são rasgad
ser rasgadas
as páginas se dobram
o mesmo não pode
fazer as palavras
quando menos esperam
são rasgad
PAISAGEM RASA
a grama
com seu músculo desordenado
a árvore só com a desordem
a chuva sem apelo
completa o quadro
tudo poderia ser mais puro
se o ar não fosse raso
com seu músculo desordenado
a árvore só com a desordem
a chuva sem apelo
completa o quadro
tudo poderia ser mais puro
se o ar não fosse raso
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
INSÔNIA
a escuridão do quarto interrompida
pelas luzes da rua
elas piscam no teto
lubrificando suas pálpebras
durante o intervalo me olham
como seu eu fizesse parte da escuridão
depois voltam a dormir e sonham
como se eu soubesse existir
pelas luzes da rua
elas piscam no teto
lubrificando suas pálpebras
durante o intervalo me olham
como seu eu fizesse parte da escuridão
depois voltam a dormir e sonham
como se eu soubesse existir
O CORPO E O SONHO
durante o sonho
não precisamos do corpo
para nos locomover
o corpo não precisa do sonho
para se mover
então
como desenvolver essa idéia
sem platéia
como utilizar as palavras
sem torná-las
demasiadas
não precisamos do corpo
para nos locomover
o corpo não precisa do sonho
para se mover
então
como desenvolver essa idéia
sem platéia
como utilizar as palavras
sem torná-las
demasiadas
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
ESTÁTUA
a tarde caiu
mas não senti nas minhas costas
a linguagem adiante
as bocas parecendo fáceis
caminhei até onde era possível
agora imóvel espero os pássaros
e as fotos guardadas nas máquinas
vão me remover
mas não senti nas minhas costas
a linguagem adiante
as bocas parecendo fáceis
caminhei até onde era possível
agora imóvel espero os pássaros
e as fotos guardadas nas máquinas
vão me remover
BERLIM
como se desdobrassem meus músculos
assim ficaram os acordes
entre as ruas e os automóveis
e entre a minha pele e o musgo
os anúncios grafitados
meus gritos guardados nas latas utilizadas
assim ficaram os acordes
entre as ruas e os automóveis
e entre a minha pele e o musgo
os anúncios grafitados
meus gritos guardados nas latas utilizadas
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
FORA DA CASCA
às vezes e
raramente
o tempo está ao nosso lado
a chuva ajuda a lavoura
o sol ajuda a salmoura
e fatalmente sempre acaba
quando estamos fora da casca
não há como recuperá-la
e o tempo ao mundo
nos demonstra
raramente
o tempo está ao nosso lado
a chuva ajuda a lavoura
o sol ajuda a salmoura
e fatalmente sempre acaba
quando estamos fora da casca
não há como recuperá-la
e o tempo ao mundo
nos demonstra
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
MORDAÇA
o estrondo que a veia faz
não se escuta daqui
abafado pelo sangue
nosso grito como o da veia
fica contido entre os membros
e algo parecido com o coração
não se escuta daqui
abafado pelo sangue
nosso grito como o da veia
fica contido entre os membros
e algo parecido com o coração
INUNDAÇÃO
o rio quando se alarga
abraça o tronco da árvore
como se fosse remédio
pensa em derramar-se por dentro
a árvore alarga o passo
não se deixa seduzir
por pensamentos
abraça o tronco da árvore
como se fosse remédio
pensa em derramar-se por dentro
a árvore alarga o passo
não se deixa seduzir
por pensamentos
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
NAVIOS DE VERDADE
o que se pode esperar
de um falso mar
repleto de navios de verdade
o que se pode esperar
de um abismo fechado
entre os trilhos
e os passageiros dos navios e dos trens
catando palavras parábolas
como pulgas catam sangue
nas costas do mundo
e morrem anêmicas
de um falso mar
repleto de navios de verdade
o que se pode esperar
de um abismo fechado
entre os trilhos
e os passageiros dos navios e dos trens
catando palavras parábolas
como pulgas catam sangue
nas costas do mundo
e morrem anêmicas
INTESTINADO
o mundo me intestina
e me empurra
ao fim do túnel
absorve as minhas coisas boas
expele as minhas coisas ruins
não sei que corpo é esse
que toma conta de mim
nem sei se ele quer meu fim
e me empurra
ao fim do túnel
absorve as minhas coisas boas
expele as minhas coisas ruins
não sei que corpo é esse
que toma conta de mim
nem sei se ele quer meu fim
ESCORRO
com o tempo costurado em meu bolso
escorro líquido sobre o mundo
não sei se vou desaguar
o mundo não é um leito seguro
para se afagar
mesmo líquido sinto rasgar
não sei se vou desaguar
escorro líquido sobre o mundo
não sei se vou desaguar
o mundo não é um leito seguro
para se afagar
mesmo líquido sinto rasgar
não sei se vou desaguar
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
PONTO FINAL
agora tenho
motivos de sobra
para por um ponto final em tudo
e vou passar tanto tempo
relacionando os motivos
que não vou ter tempo
de por o ponto final
motivos de sobra
para por um ponto final em tudo
e vou passar tanto tempo
relacionando os motivos
que não vou ter tempo
de por o ponto final
PAISAGEM AO FUNDO
a angústia do osso sem a carne
algo parecido com a vida
cobre a passagem
lugar de chegada sem volta
inútil olhar se não há paisagem
não há como parar ou seguir
os sentimentos ficaram
sem saber aonde ir
algo parecido com a vida
cobre a passagem
lugar de chegada sem volta
inútil olhar se não há paisagem
não há como parar ou seguir
os sentimentos ficaram
sem saber aonde ir
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
PARA FAZER FUNCIONAR
como as coisas funcionam
um poema não sabe
como funciona um poema
ninguém sabe
fazer funcionar um poema e as coisas
essa é a coisa
um poema não sabe
como funciona um poema
ninguém sabe
fazer funcionar um poema e as coisas
essa é a coisa
CRESCENTE
a lua pendurada na nuvem
a cicatriz da luz nas costas do mar
o mar reflete
não tem coragem de engolir
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
PEQUENA HISTÓRIA SEM FIM
ele era ruim
tão ruim que nem tinha nome
porém na época de amar até que amava
na época de odiar até que odiava
conheceu gente e desconheceu
mostrou-se ao mundo
e também se encolheu
viveu tanto
que com o tempo
foi se deformando
até tornar-se humano
tão ruim que nem tinha nome
porém na época de amar até que amava
na época de odiar até que odiava
conheceu gente e desconheceu
mostrou-se ao mundo
e também se encolheu
viveu tanto
que com o tempo
foi se deformando
até tornar-se humano
CORREDOR SEM FRESTAS
meus olhos ficaram perdidos
em algum momento na infância
percorro cego o mundo adulto
sem saber que é escuro
em algum momento na infância
percorro cego o mundo adulto
sem saber que é escuro
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
PARTIDA
abro parênteses
ficam esperando
abri sorrisos e nada esperaram
pensam que são minhas essas palavras
pensam que é meu esse sorriso
se não estão dentro de mim
não são mais meus
corto em silêncio as amarras
parto
ficam esperando
abri sorrisos e nada esperaram
pensam que são minhas essas palavras
pensam que é meu esse sorriso
se não estão dentro de mim
não são mais meus
corto em silêncio as amarras
parto
ALPENDRE
inútil conversa
nem era passado
e já nos ultrapassava
deixou-nos a poeira
esse sol usando a chuva como bicicleta
pudera o olhar
tornar-se lama
onde tudo mergulhara
nem era passado
e já nos ultrapassava
deixou-nos a poeira
esse sol usando a chuva como bicicleta
pudera o olhar
tornar-se lama
onde tudo mergulhara
ENGOLINDO MOSCAS
da mosca que se engole
aproveita-se alguma proteína
com um pouco de sorte
aproveita-se a asa
e com mais sorte
aproveita-se o vôo
e com ele
cruza-se a linha do equador
sem precisar do olfato
aproveita-se alguma proteína
com um pouco de sorte
aproveita-se a asa
e com mais sorte
aproveita-se o vôo
e com ele
cruza-se a linha do equador
sem precisar do olfato
QUANDO RECUPERAR MINHA CABEÇA
voltarei a sonhar
quando recuperar minha cabeça
eu a deixei na porta
em alguma estrada morta
não bastassem os automóveis
passando por cima
a terra não se move
diante da rima
quando recuperar minha cabeça
navegarei em sonhos
rio acima
quando recuperar minha cabeça
eu a deixei na porta
em alguma estrada morta
não bastassem os automóveis
passando por cima
a terra não se move
diante da rima
quando recuperar minha cabeça
navegarei em sonhos
rio acima
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
ALÉM DO CARNAVAL
o tempo antes de mim
soletra o som do sol
apaga as dunas da poesia
não há só alegria
no carnaval
soletra o som do sol
apaga as dunas da poesia
não há só alegria
no carnaval
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
A DOR DEPENDE DO CORTE
nem sempre sou assim
quando chove cócegas
posso até sorrir
se abrirem minhas costas
posso até gritar
dependendo do corte
posso até sangrar
dependendo da faca
posso até amar
quando chove cócegas
posso até sorrir
se abrirem minhas costas
posso até gritar
dependendo do corte
posso até sangrar
dependendo da faca
posso até amar
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
CHUVA NO ROSTO
a chuva não modifica a nuvem
depois que passa
apenas a deixa mais clara
rega as plantas e os esgotos
assim funciona a lágrima no rosto
não modifica a dor
apenas a torna mais clara
depois que passa
apenas a deixa mais clara
rega as plantas e os esgotos
assim funciona a lágrima no rosto
não modifica a dor
apenas a torna mais clara
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
A TRANSPARÊNCIA DO NÃO
a transparência é uma característica do não
por isso o não precisa ser sólido
quando for mencionado
se for omitido melhor deixar líquido
assim se engole mais fácil
não cabe no não nenhuma cor
se acaso colorir torna-se um talvez
por isso o não precisa ser sólido
quando for mencionado
se for omitido melhor deixar líquido
assim se engole mais fácil
não cabe no não nenhuma cor
se acaso colorir torna-se um talvez
QUASE UM SONHO
pensei que o sonho havia terminado
eu estava sonhando de olhos abertos
e não estava drogado
não acordei para o mundo
acordei para o que eu precisava
e o que é preciso só em sonho
só em sonho eu me acordava
eu estava sonhando de olhos abertos
e não estava drogado
não acordei para o mundo
acordei para o que eu precisava
e o que é preciso só em sonho
só em sonho eu me acordava
TRAÇA
enquanto não é livro
não há perigo de traça na palavra
melhor mantê-la assim solta
ligando nada a nada
dentro da tua boca
longe da boca da traça
não há perigo de traça na palavra
melhor mantê-la assim solta
ligando nada a nada
dentro da tua boca
longe da boca da traça
RITO NOTURNO
encerro o ritual noturno
escovando os dentes
escovo demoradamente
pode ser a última escovada
nunca se sabe o que os sonhos nos reservam
às vezes eles nos obrigam
a acordar do outro lado
escovando os dentes
escovo demoradamente
pode ser a última escovada
nunca se sabe o que os sonhos nos reservam
às vezes eles nos obrigam
a acordar do outro lado
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
PAISAGEM CULTIVADA
posso inventar uma janela
e perdê-la
mas não quero
prefiro cultivar paisagens
onde eu possa planar
com as minhas asas de chumbo
e perdê-la
mas não quero
prefiro cultivar paisagens
onde eu possa planar
com as minhas asas de chumbo
NATUREZA
nasceu do que bebeu
viveu do que comeu
morreu do que cedeu
o pai um elefante
a mãe autofalante
o filho dessemelhante
quando na hora de ouvir olvidou
quando na hora de ver averssou
quando na hora de falar faliu
eqüidistante da luz autofalante
do pisante leve do elefante
do carinho vazio dessemelhante
viveu do que comeu
morreu do que cedeu
o pai um elefante
a mãe autofalante
o filho dessemelhante
quando na hora de ouvir olvidou
quando na hora de ver averssou
quando na hora de falar faliu
eqüidistante da luz autofalante
do pisante leve do elefante
do carinho vazio dessemelhante
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
DIA NOITE
o sol desenrola seu novelo de luz
até onde o horizonte alcança
depois disso
a luz cansada
começa a estirar a língua
da escuridão
até alcançar o outro lado
até onde o horizonte alcança
depois disso
a luz cansada
começa a estirar a língua
da escuridão
até alcançar o outro lado
A VELOCIDADE DA PALAVRA
a velocidade da palavra
nunca é compatível com o local
ou é dita antes
ou chega atrasada
o combustível
para a velocidade correta da palavra
quem souber beber
esse combustível
quem souber
qual o correto combustível
saiba a velocidade correta
de dizer
nunca é compatível com o local
ou é dita antes
ou chega atrasada
o combustível
para a velocidade correta da palavra
quem souber beber
esse combustível
quem souber
qual o correto combustível
saiba a velocidade correta
de dizer
PROBLEMA DE MATEMÁTICA
não sou tio
do meu número primo
nem seu pai
nem sua mãe
meu número primo
não cabe nessa página
é maior que um poema
a finita poesia
esse é o problema
do meu número primo
nem seu pai
nem sua mãe
meu número primo
não cabe nessa página
é maior que um poema
a finita poesia
esse é o problema
NOVA FLORESTA
os prédios plantados ao redor da árvore
a sombra dos prédios sobre a árvore
as raízes do prédio empurrando a raiz da árvore
os frutos do prédio comendo os frutos da árvore
a água dos prédios sugando a água da árvore
os prédios secando a árvore
a árvore escondida sob o prédio
o prédio soterrando a árvore
a sombra dos prédios sobre a árvore
as raízes do prédio empurrando a raiz da árvore
os frutos do prédio comendo os frutos da árvore
a água dos prédios sugando a água da árvore
os prédios secando a árvore
a árvore escondida sob o prédio
o prédio soterrando a árvore
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
INÚTEIS VERDADES
e se a poesia fugisse
e o que ficasse
mostrasse a sua inutilidade
então não seria fuga
seria a verdade
e o que ficasse
mostrasse a sua inutilidade
então não seria fuga
seria a verdade
O PASSO E A SOMBRA
mesmo encharcado pela brisa
o olhar não bebe
a parede derramada
na minha madrugada
já houve areia
agora é limpa
desliza entre o passo e a sombra
sonhar é intrometer-se à vida
o olhar não bebe
a parede derramada
na minha madrugada
já houve areia
agora é limpa
desliza entre o passo e a sombra
sonhar é intrometer-se à vida
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
OS CULHÕES DO MEU PAI
onde a minha vida começa
cheira ao corpo da minha mãe
houve saliva
úmido vale
plantas
marcando as costas do verão
houve a solidão
dividida entre os testículos
onde a minha morte começa
cheira ao corpo do meu pai
houve olhares
precipícios de luzes
nãos
feitos de carne e sangue
houve a escuridão
encharcando grandes lábios de cruzes
cheira ao corpo da minha mãe
houve saliva
úmido vale
plantas
marcando as costas do verão
houve a solidão
dividida entre os testículos
onde a minha morte começa
cheira ao corpo do meu pai
houve olhares
precipícios de luzes
nãos
feitos de carne e sangue
houve a escuridão
encharcando grandes lábios de cruzes
FUNERAL DE UM AUTOMÓVEL
para onde vai o automóvel morto
e a sua alma
perfumada a gasolina
pobre dos seus
ao seu enterro
acompanhando a pé
de óleo ainda
não é a lágrima
preservam o olho a face
da comum ferrugem
misturam o pranto
ao barulho do motor enterrado
e a sua alma
perfumada a gasolina
pobre dos seus
ao seu enterro
acompanhando a pé
de óleo ainda
não é a lágrima
preservam o olho a face
da comum ferrugem
misturam o pranto
ao barulho do motor enterrado
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
ANO NOVO
o calendário
não altera a paisagem
a árvore é a mesma
a rua e sua curva
as pessoas caem como as folhas
depois retornam com a enxurrada
o calendário
não altera o dia
a dor a angústia a agonia
ficam arquivadas
nos bolsos das horas
talvez não saiam nunca
talvez apareçam agora
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LUNAR
a lua ao fundo antes da lua a árvore com seu vestido verde e sapatos escuros entre os cabelos da árvore a lua ao fundo ou a ...
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minha baixa imunidade não me permite tocar as palavras esse meu silêncio pelo que me lembro antecipa meus ossos gostaria de ve...
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todo mundo dói no meu sexo labirinto sem segredos todo sexo dói no meu mundo
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a vida corre mais rápida que nós precisamos encontrar a velocidade da flor e ficar