os ventos empurram
setembro contra agosto
ambos desabam
no abismo do tempo
por um momento
pensei ter me visto
entre a pele
dos dois
sendo mais leve
quase sem mágoa
eu me infinito por dentro
quando deságua
em mim o tempo
terça-feira, 31 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
BIFURCAÇÃO
sigo o sol
até que me esqueça
tudo se bifurca
igual quando se ama
se a flores soubessem
o quanto são magras
seriam mais calmas
o céu onde me ponho
perdi ao chegar
quem me vê aos pedaços
sabe que sou sonhos
até que me esqueça
tudo se bifurca
igual quando se ama
se a flores soubessem
o quanto são magras
seriam mais calmas
o céu onde me ponho
perdi ao chegar
quem me vê aos pedaços
sabe que sou sonhos
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
LEITURA LABIAL
fiz a leitura labial de deus
li que o mundo morreu
e desse corpo inerte
não somos nem os vermes
depois percebi a ilusão
o lábio de deus era o lábio de um cão
por tamanha maledicência
deus me condenou à existência
li que o mundo morreu
e desse corpo inerte
não somos nem os vermes
depois percebi a ilusão
o lábio de deus era o lábio de um cão
por tamanha maledicência
deus me condenou à existência
terça-feira, 24 de agosto de 2010
MINEIRO
o poeta escava
minas no ar
são de ouro suas asas
são de ouro suas asas
abertas raspam
as paredes do silêncio
parece luz
o que se acha
merece escuro
em sua trava
poreja enxuta
até formar
novas grutas
domingo, 22 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
CARTA SUICIDA 2
das minhas mãos
sobraram os gestos
da minha boca
as palavras
do meu corpo
a carcaça
sobraram desculpas
em demasia
culpas
sobrou do tempo
a agonia
sobraram os gestos
da minha boca
as palavras
do meu corpo
a carcaça
sobraram desculpas
em demasia
culpas
sobrou do tempo
a agonia
terça-feira, 17 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
INFÂNCIA
meu pai
criança nunca sabe
tinha um negócio
de mostrar as coisas
mostrava intenso
de mostrar as coisas
mostrava intenso
minha mãe
se mostrava
por dentro
coisas desinstaladas
criança nunca sabe
de coisa alguma
nem sabe
que vai morrer
mesmo morrendo
que vai morrer
mesmo morrendo
nem que vai nascer
mesmo nascendo
terça-feira, 10 de agosto de 2010
ALIMENTO
amor é alimento
coma devagar
divague o sumo
coma com prumo
mastigue sem morder
morda sem arder
salive calmo
alimente o rumo
faça tudo pra não engolir
tudo pra não fugir
pelo canto da boca
pelo pranto
faça tudo pra não cuspir
amor é alimento
que se fala
com a boca cheia
e quando falar
fale alto
espalhe o hálito
espalhe o lugar
onde fica o pomar
coma devagar
divague o sumo
coma com prumo
mastigue sem morder
morda sem arder
salive calmo
alimente o rumo
faça tudo pra não engolir
tudo pra não fugir
pelo canto da boca
pelo pranto
faça tudo pra não cuspir
amor é alimento
que se fala
com a boca cheia
e quando falar
fale alto
espalhe o hálito
espalhe o lugar
onde fica o pomar
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
PEDAÇO
doeu não
mas arrancou pedaço
e do pedaço que arrancou
não saiu sangue
se saísse sangue ou doesse
seria mais fácil
um torniquete um analgésico
tudo estaria resolvido
doeu não
mas arrancou pedaço
e o pedaço que saiu
não se encontra fácil
só se recupera com o tempo
e o tempo não entende de pedaços
mas arrancou pedaço
e do pedaço que arrancou
não saiu sangue
se saísse sangue ou doesse
seria mais fácil
um torniquete um analgésico
tudo estaria resolvido
doeu não
mas arrancou pedaço
e o pedaço que saiu
não se encontra fácil
só se recupera com o tempo
e o tempo não entende de pedaços
MANCHA
está ouvindo esse barulho?
é o de uma alma se desmanchando
ela se desfaz em poema
deixa essa mancha na página
é o de uma alma se desmanchando
ela se desfaz em poema
deixa essa mancha na página
sábado, 7 de agosto de 2010
SER AMADO
eu tinha
todas as flores do mundo
agora nem me pertenço
tudo o que sinto
cabe num canto
é preciso um coral
de espaços
quando penso
espanto o mundo
quando falo
me convenço
desse espanto
espero que o amor
me desvende
quando eu chegar
todas as flores do mundo
agora nem me pertenço
tudo o que sinto
cabe num canto
é preciso um coral
de espaços
quando penso
espanto o mundo
quando falo
me convenço
desse espanto
espero que o amor
me desvende
quando eu chegar
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
CULPA
se eu pudesse
trocar a minha pele
e embrulhasse na alma
por engano
por enquanto
é o que me cabe
só tenho a vida
como entrave
trocar a minha pele
e embrulhasse na alma
por engano
por enquanto
é o que me cabe
só tenho a vida
como entrave
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
MORTE ÍNTIMA
quase não morro
deixo a vida passar
me comovo
pouco desespero
pertenço aos cacos
pelo avesso
amordaço o mundo
e o silêncio que escorre
me expele
não me contenho
sobro em tudo
que desfaço
do infinito sou o espaço
do refletido o aço
da agonia a espera
deixo a vida passar
me comovo
pouco desespero
pertenço aos cacos
pelo avesso
amordaço o mundo
e o silêncio que escorre
me expele
não me contenho
sobro em tudo
que desfaço
do infinito sou o espaço
do refletido o aço
da agonia a espera
EM BRANCO
o punho cerrado
que esperava o meu rosto
para o soco
transformei em tronco
onde brotei meus galhos
minhas flores meus frutos
agora não tenho escolha
aos socos futuros
e às palavras
ofereço minhas folhas
que esperava o meu rosto
para o soco
transformei em tronco
onde brotei meus galhos
minhas flores meus frutos
agora não tenho escolha
aos socos futuros
e às palavras
ofereço minhas folhas
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
AOS TOLOS
sinto muito
não sinto nada
de vez em quando
escrevo poemas
para despistar os tolos
poesia se escreve
com o pensamento
e o pensamento do tolo
direciona para o sentimento
sinto muito
acabou o estoque
de palavras
acredite
não acredite em nada
do que eu disse
não acredito
que você acredite
no que eu sinto
sinto muito
não sinto nada
de vez em quando
escrevo poemas
para despistar os tolos
poesia se escreve
com o pensamento
e o pensamento do tolo
direciona para o sentimento
sinto muito
acabou o estoque
de palavras
acredite
não acredite em nada
do que eu disse
não acredito
que você acredite
no que eu sinto
sinto muito
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