sexta-feira, 30 de abril de 2010

EMBLEMA

poesia
e todas as luas do mundo
guardadas no bolso
entre elas
gestos esquecidos
talvez um adeus
inúteis pedidos
talvez um fim
talvez um sim
travestido de não

quarta-feira, 28 de abril de 2010

DORSO

meu dorso
pendurado em teu osso
busca o barulho
do chão

aguado 
qual libélula acesa
provocando mãos

PRESENTES

as flores murcham
como os gestos
não há nada a oferecer
que não vá murchar
perfumes
gestos
palavras
amor
tudo irá murchar
só me resta
oferecer o esperar

MEDO DE VOLTAR

simplório gesto
de medir o ar
usando o sol

respire-se por dentro
vou colar brisas
no meu
medo imaginário

vou ter espasmos
fora do corpo
levitar a insônia

marcar com estrume
onde nunca pensarei

abraça-me
porque nunca
vou chegar

terça-feira, 27 de abril de 2010

CANTO DA CABEÇA

nas segundas-feiras
minha cabeça fecha

o que restou de mim
talvez escombros

nunca tive
alicerce

paredes foram erguidas
durante o sonho

os pesadelos constroem
as palavras que pronuncio

nos outros dias
minha cabeça alerta

quinta-feira, 15 de abril de 2010

EPITÁFIO

todo o momento
em que tentei morrer
consegui o meu intento
hoje me contento
com a morte permanente
essa é a minha vida
daqui pra frente

DEPOIS QUE MORREM

  sei para onde vão as mães depois que morrem a saudade forma um túnel e a luz que vem em sentido contrário as transformam em cinz...