o verão passou
e você permaneceu calada
esperei aquela palavra
ou melhor
qualquer palavra
parecida com um outono menos amargo
ou qualquer outra estação
onde você desembarcasse
sem sustos
sem malas
o verão passou
e você permaneceu calada
esperei aquela palavra
ou melhor
qualquer palavra
parecida com um outono menos amargo
ou qualquer outra estação
onde você desembarcasse
sem sustos
sem malas
aos poucos me integro à rua
canções que desconheço me pego cantando sem saber
em conversas me meto interrompendo estranhos
acompanho automóveis na mesma velocidade
depois reduzo ao acompanhar bicicletas
invado o caminho dos pedestres substituindo os seus passos
fico imóvel se alguém morre
choro se alguém implora
se for por algumas palavras
tento parecer um poema
e me encosto ao silêncio mais próximo
um mar sem ondas
alagou o olhar do lugar
um olhar sem cheiro
porque não se guardava
derramado ao mar
que também se derramava
tudo era vazio
imenso imerso
num azul improvável
sei para onde vão as mães depois que morrem a saudade forma um túnel e a luz que vem em sentido contrário as transformam em cinz...