os soldados pisam na grama
sem cerimônias
manequins movimentam sua imobilidade
nas vitrines
chuva reta
automóveis planos
apesar de tudo
as flores insistem em nascer
proliferam suas garras verdes
em aeroplanos
vôos sem futuro
queimam o algodão do céu
alguns vão entender este incêndio
outros vão esquecer
segunda-feira, 28 de junho de 2010
REFLEXO
Minha alma
Chora em prantos
Como enxurradas que levam corpos
Onde vai parar o meu destino
Em que tipo de poça
Vou poder me ver
FATINHA REGO BARROS
Chora em prantos
Como enxurradas que levam corpos
Onde vai parar o meu destino
Em que tipo de poça
Vou poder me ver
FATINHA REGO BARROS
MIRAGEM
a chuva sugere
poemas incompreensíveis
talvez a água me venere
dizem que ela atravessa
qualquer fenda
mantenho-me aberto
e nunca a água chega
em meu deserto
poemas incompreensíveis
talvez a água me venere
dizem que ela atravessa
qualquer fenda
mantenho-me aberto
e nunca a água chega
em meu deserto
terça-feira, 22 de junho de 2010
AMARA LUCIA
ESTE BLOG PRESTA HOMENAGEM À AMARA LÚCIA AUGUSTO, GRANDE ESCRITORA, GRANDE MULHER E GRANDE PESSOA. FALECIDA NO ÚLTIMO DIA 20 DE JUNHO DE 2010. REPUBLICO O MEU POEMA QUE ELA MAIS GOSTAVA
Madrigal
a borboleta corta a paisagem
sem utilizar lâmina
a paisagem ondulada
pelo vôo
empalha a borboleta na memória
Madrigal
a borboleta corta a paisagem
sem utilizar lâmina
a paisagem ondulada
pelo vôo
empalha a borboleta na memória
segunda-feira, 14 de junho de 2010
NENHUMA CANÇÃO
minha cabeça
parece uma angústia acordada
meu corpo
tem o tamanho da agonia
minha alma faz tempo
foi embora e nunca mais voltou
habita em algum corpo mais correto
não tenho mais projetos
o silêncio é meu amigo
fala comigo com os olhos
questiona por exemplo
por que porejo
em meu esquife
enquanto me carregam
em direção ao infinito
parece uma angústia acordada
meu corpo
tem o tamanho da agonia
minha alma faz tempo
foi embora e nunca mais voltou
habita em algum corpo mais correto
minha poesia
não parece comigo
por isso a alegria
não parece comigo
por isso a alegria
não tenho mais projetos
o silêncio é meu amigo
fala comigo com os olhos
questiona por exemplo
por que porejo
em meu esquife
enquanto me carregam
em direção ao infinito
velho novelo
uma coisa que eu faço
desfazer o mundo
mas sou pequeno e fugaz
o mundo me desfaz
tenho outras coisas pra fazer
disfarço
e finjo desfazer
desfazer o mundo
mas sou pequeno e fugaz
o mundo me desfaz
tenho outras coisas pra fazer
disfarço
e finjo desfazer
sexta-feira, 11 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
canto do silêncio necessário
vistos por dentro
quando eu fui parede
eu vivia pendurado
entre as pedras
como flores
que esperam ser regadas
pelos pensamentos sãos
sem a necessidade
de inventar palavras
de afagar navalhas
de bordar mortalhas
todos os quadros reunidos
formam outro retrato
formam outro retrato
quando eu fui parede
eu vivia pendurado
entre as pedras
como flores
que esperam ser regadas
pelos pensamentos sãos
sem a necessidade
de inventar palavras
de afagar navalhas
de bordar mortalhas
viagem
não consigo chorar o suficiente
sempre falta uma lágrima
para preencher o lago
mesmo assim
sempre falta uma lágrima
para preencher o lago
mesmo assim
espalho os barquinhos
embarco no melhor de todos
e me deixo afundar
embarco no melhor de todos
e me deixo afundar
duro
o amor era mole
ficou duro
no escuro tento um furo
com afagos e dentes
o amor não amolece
o amor desmorona o muro
do escuro aceito
ficou duro
no escuro tento um furo
com afagos e dentes
o amor não amolece
o amor desmorona o muro
do escuro aceito
terça-feira, 8 de junho de 2010
MANEIRAS DE CALAR
a poesia é a maneira
mais complexa
de dizer as coisas simples
por exemplo
eu poderia dizer isso
de outra forma
mas escolhi essa
mais complexa
de dizer as coisas simples
por exemplo
eu poderia dizer isso
de outra forma
mas escolhi essa
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
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ESPERANÇA
quem já foi soldado sabe como se abre um corpo como sabe um pescador como se abre um peixe entre as guelras alguns segundos de e...
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minha baixa imunidade não me permite tocar as palavras esse meu silêncio pelo que me lembro antecipa meus ossos gostaria de ve...
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