eu dei na minha mãe
eu dei na minha mãe
o maior susto
quando ela me viu chegar
fantasiado de poesia
ela percebeu
nos desenhos bordados
que eu ficaria mirrado
triste desencontrado
desiludido seco perdido
abatido solitário
desvalido sem caminho
depois ficou conformada
quando expliquei
que na estrada
mais vale o passo
que a chegada
que a dita palavra
não é nada
se não for transformada
em riscos
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
canto do beijo sem lábio
minha cabeça não está pra beijo
o corpo talvez
e o lábio que se turva
diante do outro que se curva
está aquém
entre a pele
e o momento
entre entre eu disse
sem usar a cabeça
a pele do pensamento
suspensa
pingando saliva
movimentando cartilagens
sem vida
minha cabeça não está
o corpo me fez
curvar o poema
evitando tocar o lábio
pele do sentido
pregada no sangue
movimentando
a palavra exangue
minha cabeça não está pra beijo
o corpo talvez
e o lábio que se turva
diante do outro que se curva
está aquém
entre a pele
e o momento
entre entre eu disse
sem usar a cabeça
a pele do pensamento
suspensa
pingando saliva
movimentando cartilagens
sem vida
minha cabeça não está
o corpo me fez
curvar o poema
evitando tocar o lábio
pele do sentido
pregada no sangue
movimentando
a palavra exangue
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
poética ou
pra não manchar a idéia
a poesia não modifica nada
não vai salvar o mundo
nem afundá-lo
a poesia não evita o sofrimento
nem provoca alegria
alguém já disse
que a poesia é um sentimento
outro retrucou que a poesia
é uma epidemia inventada
para reduzir a população mundial
mas a beleza evitou criando anticorpos
a poesia não promove a paz
nem incita guerras
não é a origem de todos os males
nem evita mal algum
pra mim a poesia
é um fenômeno físico
quando me perguntam
por que faço
respondo que dois corpos
não podem ocupar o mesmo espaço
pra não manchar a idéia
a poesia não modifica nada
não vai salvar o mundo
nem afundá-lo
a poesia não evita o sofrimento
nem provoca alegria
alguém já disse
que a poesia é um sentimento
outro retrucou que a poesia
é uma epidemia inventada
para reduzir a população mundial
mas a beleza evitou criando anticorpos
a poesia não promove a paz
nem incita guerras
não é a origem de todos os males
nem evita mal algum
pra mim a poesia
é um fenômeno físico
quando me perguntam
por que faço
respondo que dois corpos
não podem ocupar o mesmo espaço
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
esperando soluços
a casca da espera
irrompe a planta dos pés
quando eu falava
nem havia palavras
eu te espero
como escuro
é o mesmo
desespero
quando eu falava
nem havia boca
a espera oscula o fácil
mastigar sem cuspe
quando eu falava
nem ouvia
queriam escrever minha culpa
porém não tenho pele
uso apagar sem mostrar
ouso escrever sem me dar
as árvores que me deram as costas
agora se agacham
a casca da espera
irrompe a planta dos pés
quando eu falava
nem havia palavras
eu te espero
como escuro
é o mesmo
desespero
quando eu falava
nem havia boca
a espera oscula o fácil
mastigar sem cuspe
quando eu falava
nem ouvia
queriam escrever minha culpa
porém não tenho pele
uso apagar sem mostrar
ouso escrever sem me dar
as árvores que me deram as costas
agora se agacham
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
não sou mais artista
não sou mais artista
conheci o senso de ridículo
sem me olhar no espelho
não vou mais fazer ninguém feliz
nem me fazer
não que isso seja uma atribuição do artista
mas a felicidade requer
a ausência de senso de ridículo
só os artistas e os felizes
dançam e cantam em voz alta
pelas ruas
e são confundidos com os loucos
não sei lavar os fatos
a água que me cabe
só me afoga
não sou mais artista
quero que me desconheçam
quero que me esqueçam
que não amanheçam ao meu lado
quero ficar rente ao chão
pendurado pelos braços
não sou mais artista
conheci o senso de ridículo
sem me olhar no espelho
não vou mais fazer ninguém feliz
nem me fazer
não que isso seja uma atribuição do artista
mas a felicidade requer
a ausência de senso de ridículo
só os artistas e os felizes
dançam e cantam em voz alta
pelas ruas
e são confundidos com os loucos
não sei lavar os fatos
a água que me cabe
só me afoga
não sou mais artista
quero que me desconheçam
quero que me esqueçam
que não amanheçam ao meu lado
quero ficar rente ao chão
pendurado pelos braços
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