quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Agrário




mudas de galinha
não brotam sem ovos
das palavras
os poemas
são os ossos
Canto do tempo perdido




o tempo passou
até pra brigitte bardot
o tempo tem
que tamanho o tempo tem
poesia não é filosofia
o poema dura
o tempo
que o tempo atura

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Traumatismos




meus medos
não tem pressa
cruzam
mesmo os sinais vermelhos
atropelam-se
seus corpos enfileirados
mastro no qual tremulo

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

cus, cus


meu primeiro cu
não era solto
havia uma vela
ao redor
parafinas voavam
pela fala

meu segundo cu
também não era
quase uma esfera
me prendeu à sala
quando explodi
virei janela



ensaio de fragmento




poesia é coisa
doutro mundo
que mundo é esse?
é esse? é esse?
se perguntava o alienígena
gaveta 49




no bucho
bala balançando
até virar susto
enxuto após
presa na mesa
furo no muro
estática estatística
do escuro
submerso no sangue
no pus do
absurdo
gaveta escaldada
nome sem vulto
defunto sem calma
estremece a tarde
com o silencio
sem espasmo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Canto do muro futuro




os trens passam
apesar dos trilhos
a vida passa
apesar dos tiros
o mundo passa
apesar do escuro
apesar de tudo
que impede o passo
o muro sempre
é transparente
é sempre da gente
o futuro do presente

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Depois do sonho





a paixão me fez partir
em dois
o momento que perdi
me fez roçar as asas
na parede que ergui
antes do meu sonho
havia escuridão
hoje encontrei caminhos
sem usar as mãos

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

CANÇÃO DA PAISAGEM SEM LETRAS




pensei em flores
no ar sem sombras
nas coisas que as palavras modificam
em tornar o avesso desnecessário
nos toques sem tato
pensei em me mostrar como
sempre deveria
ser ao vê-la
sinto poemas

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Entranhamento





muitas pessoas me amam
outras me odeiam
na mesma intensidade ou pior
eu não odeio ninguém
nem amo
não tenho essa capacidade
prefiro abandonar poemas
e me entranhar

DEPOIS QUE MORREM

  sei para onde vão as mães depois que morrem a saudade forma um túnel e a luz que vem em sentido contrário as transformam em cinz...