CÉU CAMBOJANO
estrelado
a parede do meu céu descoberto
sem ninguém pra amar
sem o mar por perto
decerto suar
sem estar no deserto
encontrar no luar
outro tipo de oceano
descobrir que morrer e amar
estão no mesmo plano
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
PARA OS FILHOS
Quando ouvi seu coração pela primeira vez (1991)
felizes são as nuvens
porque retém as águas
eu não tenho essa felicidade
sou uma chuva derramada
mas quem retém os mares
mora na minha casa
e consegue libertá-los
com pulsação e asas
Para um mar retido no ventre (1994)
mergulhamos cada um
e a mesmo tempo
na melhor parte do outro
e não deixamos ondas na superfície
nem respingos
descobrimos o segredo
de permanecermos secos
sem tocar o fundo
nem voltar à tona
felizes são as nuvens
porque retém as águas
eu não tenho essa felicidade
sou uma chuva derramada
mas quem retém os mares
mora na minha casa
e consegue libertá-los
com pulsação e asas
Para um mar retido no ventre (1994)
mergulhamos cada um
e a mesmo tempo
na melhor parte do outro
e não deixamos ondas na superfície
nem respingos
descobrimos o segredo
de permanecermos secos
sem tocar o fundo
nem voltar à tona
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
passo em claro
diminuo os passos
na esperança de me perder
aos poucos as pernas
vão se acomodando ao espaço
reservado aos pés
reservado aos pés
e o corpo acompanha
o movimento juntamente
com as mãos
diminuo mais ainda os passos
não perco a esperança
de me perder
aos poucos o pensamento
vai se acomodando aos fatos
nenhum sentimento
acompanha o movimento
lento até a inércia
constato que jamais
me perderei
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
pane seca
o combustível da palavra é a fome
quem emudece diante da comida
sabe do que estou falando
o falar da poesia é outro
quem se cala
diante da página em branco
sabe do que estou falando
o combustível da idéia é a palavra
quem carrega perdas sobre os ombros
sabe do que estou falando
é vária a fome que te vara
é vária a comida que te invade
o vário alimento que te fecunda
a palavra que te cabe
o combustível da palavra é a fome
quem emudece diante da comida
sabe do que estou falando
o falar da poesia é outro
quem se cala
diante da página em branco
sabe do que estou falando
o combustível da idéia é a palavra
quem carrega perdas sobre os ombros
sabe do que estou falando
é vária a fome que te vara
é vária a comida que te invade
o vário alimento que te fecunda
a palavra que te cabe
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
COMUNHÃO DE MALES
a minha dor
a ti me pertence
a tua dor
a mim te pertence
o fio tênue
que nos une
tenso
alonga-se
quase
desfazendo-se
quase
partindo
para sempre
outros fios
que vão
nascendo
terça-feira, 8 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
o poeta posto a nu
o poeta foi descoberto
apesar do terno e da gravata
ou dos sapatos baixos
no meio da multidão ele se destaca
por não possuir nenhum cheiro característico
muitos não sabem
mas o silêncio do poeta
é repleto de palavras
mesmo assim ele é convocado para cantar
mesmo sangrando
o poeta poreja uma palavra
e o verão chega
o poeta lacrimeja uma frase
e vem o inverno
qualquer gesto do poeta
e as estações se manifestam
porém o poeta quer ficar imóvel
não como uma estátua em praça pública
quer ser um dos pombos
que se perdeu da revoada
porque se distraiu catando grãos
entre um silêncio e outro
o poeta foi descoberto
apesar do terno e da gravata
ou dos sapatos baixos
no meio da multidão ele se destaca
por não possuir nenhum cheiro característico
muitos não sabem
mas o silêncio do poeta
é repleto de palavras
mesmo assim ele é convocado para cantar
mesmo sangrando
o poeta poreja uma palavra
e o verão chega
o poeta lacrimeja uma frase
e vem o inverno
qualquer gesto do poeta
e as estações se manifestam
porém o poeta quer ficar imóvel
não como uma estátua em praça pública
quer ser um dos pombos
que se perdeu da revoada
porque se distraiu catando grãos
entre um silêncio e outro
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
estrangeira
a poesia não faz fronteira
com nenhum país
não fala o meu idioma
nem o teu
não sabe quantas vezes
gira ao redor do homem
durante um ano
não sabe a dor
do lado escuro da lua
não sabe andar nua
nem vestida
não sabe olhar sem se ver
não demonstra culpa
quando não é entendida
ou quando o seu sentido
e a sua forma
não acompanham o nosso desejo
ou o seu ritmo está fora do nosso
e não desvendamos o que
seu passo quer marcar
a poesia não quer comida
mas alimenta
não quer vida
mas se movimenta
não quer intimidade
quer ficar trancada no ar
esperando o nosso respirar
a poesia não faz fronteira
com nenhum país
não fala o meu idioma
nem o teu
não sabe quantas vezes
gira ao redor do homem
durante um ano
não sabe a dor
do lado escuro da lua
não sabe andar nua
nem vestida
não sabe olhar sem se ver
não demonstra culpa
quando não é entendida
ou quando o seu sentido
e a sua forma
não acompanham o nosso desejo
ou o seu ritmo está fora do nosso
e não desvendamos o que
seu passo quer marcar
a poesia não quer comida
mas alimenta
não quer vida
mas se movimenta
não quer intimidade
quer ficar trancada no ar
esperando o nosso respirar
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