quarta-feira, 23 de setembro de 2015

CORREDOR OITO

ninguém quer chegar até o fim
prefere cruzar outro caminho
mas sempre haverá um corredor

CORREDOR SETE

enxergo o corredor pela fresta
o chão não conhece os meus passos
fui carregado até aqui
daqui serei transportado

CORREDOR SEIS

paredes penduradas no teto
tetos pendurados na cabeça
corpos pendurados no piso
sombras molhando o chão


terça-feira, 22 de setembro de 2015

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CORREDOR DOIS

estreito
pensamento não cabe
se for pra pensar
melhor nem passar

CORREDOR UM

muito largo
um elefante e um homem sorrindo
caberiam facilmente
desde que o homem não chegasse às gargalhadas
e o elefante não se lembrasse do marfim
retirado durante a caçada


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

DENTRO

o amor não cabe todo no meu corpo
e a parte de fora pensa estar dentro
por estar dentro do meu lado de fora
e por pensar que é dentro o meu lado de fora
pensa que tudo que está fora é o centro
e a parte que está dentro do corpo
pensa ser todo sendo só parte
por pensar que o meu dentro é o todo
sem saber que está fora a maior parte


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

DESCENDO AS ESCADARIAS

desço as escadas lentamente
a alma do cimento
virou concreto
as flores se alongam tentando me tocar
e o máximo que conseguem é atingir o meu olhar
meu passo é falho
não vai na mesma direção do vão
mal alcança o chão
meu corpo flutua
ou misturado ao concreto
sente nas costas o meu descer da escada


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

MANHÃ

as pessoas
os cães
e os automóveis
começam a pronunciar a manhã
e o barulho me exclui de um sonho
onde eu não falava
onde eu não estava
desperto sem retirar o corpo do sonho



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ESQUELETO

ouço o ócio
no meu rádio
no meu cúbico
alimenta a raiz
do meu cabelo
uma música sem músculos
inunda o pesadelo
fora do meu corpo
todo o céu
forma os meus ossos


MOVIMENTO

quem para
sempre para errado
parar não é o melhor lugar
para ficar
o movimento
é o melhor momento
não estou aqui
nunca estarei aí
jamais estarei
em algum lugar
nem aqui nessa página
nem aqui nesse olhar


DEPOIS QUE MORREM

  sei para onde vão as mães depois que morrem a saudade forma um túnel e a luz que vem em sentido contrário as transformam em cinz...