preciso melhorar o meu fôlego
canso muito
caminhando entre o purgatório e o inferno
o inferno da palavra não tem fogo
é tudo silêncio e jogo
em raros momentos
a palavra se desprende do meu corpo
e se estende em correnteza própria
até alcançar a foz de outro olho
tornar-se mar ou somente sal
sábado, 28 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
SOMBRA
difícil uma sombra
do meu tamanho
não caibo no mundo
do olho do sol escorro
interrompo o brilho do seu rosto
como uma lágrima inacabada
do meu tamanho
não caibo no mundo
do olho do sol escorro
interrompo o brilho do seu rosto
como uma lágrima inacabada
INVERNO DE VIVALDI
no inverno de Vivaldi
a chuva é de plástico
mas ele não sabe
mastiga a neve sob os olhos da tarde
enquanto espeta notas no silêncio
mas ele não sabe
apenas estica as tripas sobre os braços do violino
escuta o barulho da água subindo
talvez se molhasse se tivesse um corpo
Vivaldi é só sopro
a chuva é de plástico
mas ele não sabe
mastiga a neve sob os olhos da tarde
enquanto espeta notas no silêncio
mas ele não sabe
apenas estica as tripas sobre os braços do violino
escuta o barulho da água subindo
talvez se molhasse se tivesse um corpo
Vivaldi é só sopro
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
SE A POESIA CHOVESSE
se a poesia chovesse
e movesse a minha cabeça
entre uma margem e outra do rio
talvez eu me dragasse do vazio
e preenchesse sem as minhas partes
a parte que me cabe no infinito
e movesse a minha cabeça
entre uma margem e outra do rio
talvez eu me dragasse do vazio
e preenchesse sem as minhas partes
a parte que me cabe no infinito
O POSSÍVEL PARA ME COMOVER
até o final desse poema
farei o possível
para me comover
começarei utilizando palavras
depois imagens
acrescentarei alguns silêncios
farei o possível
para não fugir do assunto
agora eu posso dizer
que a minha dor
brilha no escuro
como estou cego
e sem braços
apenas sonho
você que alcança o brilho
retire a minha dor
para a luz
farei o possível
para me comover
começarei utilizando palavras
depois imagens
acrescentarei alguns silêncios
farei o possível
para não fugir do assunto
agora eu posso dizer
que a minha dor
brilha no escuro
como estou cego
e sem braços
apenas sonho
você que alcança o brilho
retire a minha dor
para a luz
terça-feira, 24 de setembro de 2013
SOMBRA ÚMIDA
o modo de mastigar
a umidade da sombra
modificou meu modo de morder
eu usava o corpo como dentes
a alma gengiva de água
a alma como dantes
a calma como dentes
meu modo de morder
modificou meu modo de viver
alimentos que me amparam
a sombra que me marca
a umidade da sombra
modificou meu modo de morder
eu usava o corpo como dentes
a alma gengiva de água
a alma como dantes
a calma como dentes
meu modo de morder
modificou meu modo de viver
alimentos que me amparam
a sombra que me marca
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
CIGARRO
decidi escrever apenas
sobre coisas sem importância
a vida a morte a tristeza
são mulheres com as quais
nunca vou me envolver
ficarei solteiro
fumarei o que me sobra
usando os papéis
que o mundo me reservou
sobre coisas sem importância
a vida a morte a tristeza
são mulheres com as quais
nunca vou me envolver
ficarei solteiro
fumarei o que me sobra
usando os papéis
que o mundo me reservou
SOBRE OS TELHADOS DA CROÁCIA
eu ouvi os passos
enquanto me espreguiçava
sobre os telhados da Croácia
eu parecia maior do que merecia
menor do que esperava
eu era uma estrela que não brilhava
aliás as estrelas não brilham
brigam por um espaço
no nosso olhar
enquanto me espreguiçava
sobre os telhados da Croácia
eu parecia maior do que merecia
menor do que esperava
eu era uma estrela que não brilhava
aliás as estrelas não brilham
brigam por um espaço
no nosso olhar
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
O CHEIRO DA CARNE DA MINHA MÃE
todo domingo é útil
se a carne necessária estiver presente
caminhamos pelo corredor quadriculado da toalha da mesa
soltando pequenos pedaços das lembranças
para não esquecermos o caminho de volta
cravamos o garfo no idioma pensado
e sentimos o molho descendo pelo olho
utilizamos a faca para separar o ontem do hoje
enquanto o punhal do futuro nos aprisiona ao passado
queremos a mesa farta de ilusões
queremos comer tudo mesmo com a boca costurada
bebemos a água da chuva enquanto nos evaporamos
brindamos com formigas as folhas de papel em branco
criamos irmãos entre um galho e outro
e das suas bocas os frutos que nos condenam
matam a nossa fome em doses lentas
todo domingo é necessário
se o cheiro estiver instalado
a auréola do peito comemora a boca perdida lá fora
enterramos nossos pés num quintal imaturo
usamos o restante do corpo como lápide
e marcamos o local com cuspe
gravamos nossos nomes nas costas da tarde
e ela nunca saberá os nossos nomes
retiramos os olhos para dormir
e os esquecemos para sempre em algum lugar
plantamos o que desejamos e esquecemos de regar
não sabemos de onde vem esse cheiro
queremos senti-lo para sempre
enquanto o pulmão só quer o oxigênio
se a carne necessária estiver presente
caminhamos pelo corredor quadriculado da toalha da mesa
soltando pequenos pedaços das lembranças
para não esquecermos o caminho de volta
cravamos o garfo no idioma pensado
e sentimos o molho descendo pelo olho
utilizamos a faca para separar o ontem do hoje
enquanto o punhal do futuro nos aprisiona ao passado
queremos a mesa farta de ilusões
queremos comer tudo mesmo com a boca costurada
bebemos a água da chuva enquanto nos evaporamos
brindamos com formigas as folhas de papel em branco
criamos irmãos entre um galho e outro
e das suas bocas os frutos que nos condenam
matam a nossa fome em doses lentas
todo domingo é necessário
se o cheiro estiver instalado
a auréola do peito comemora a boca perdida lá fora
enterramos nossos pés num quintal imaturo
usamos o restante do corpo como lápide
e marcamos o local com cuspe
gravamos nossos nomes nas costas da tarde
e ela nunca saberá os nossos nomes
retiramos os olhos para dormir
e os esquecemos para sempre em algum lugar
plantamos o que desejamos e esquecemos de regar
não sabemos de onde vem esse cheiro
queremos senti-lo para sempre
enquanto o pulmão só quer o oxigênio
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
COMENDO NUVEM
nem sempre
quem come nuvem
está no céu
comi nuvens
quando estava enterrado
comi nuvens
quando estava apodrecido
como nuvens
flutuo acima dos cascos
procuro ser mais claro
que preciso
procuro ser pesado
quando necessário
como nuvens
me desmancho
e inundo a parte alta
do mundo
quem come nuvem
está no céu
comi nuvens
quando estava enterrado
comi nuvens
quando estava apodrecido
como nuvens
flutuo acima dos cascos
procuro ser mais claro
que preciso
procuro ser pesado
quando necessário
como nuvens
me desmancho
e inundo a parte alta
do mundo
A CADA DOIS DIAS
meto a cada dois dias
os pés pelas mãos
chuto gestos no deserto
as sombras das pegadas
serpenteiam
até surgir do não areia
meto a cada dois dias
a cara na parede
deixo a minha pele
criar o poro sem a sede
meto a cada dois dias
um poema no silêncio
instalo asas vazias
que não me livre do incêndio
meto a cada dois dias
os pés pelas mãos
chuto gestos no deserto
as sombras das pegadas
serpenteiam
até surgir do não areia
meto a cada dois dias
a cara na parede
deixo a minha pele
criar o poro sem a sede
meto a cada dois dias
um poema no silêncio
instalo asas vazias
que não me livre do incêndio
meto a cada dois dias
PAUTA DO DIA
a pauta do dia
se inicia com o canto do passarinho
depois o canto dos automóveis
recolhem o canto do passarinho
em algum outro canto do dia
eu recolho os dois cantos
e os guardo aqui
na poesia
se inicia com o canto do passarinho
depois o canto dos automóveis
recolhem o canto do passarinho
em algum outro canto do dia
eu recolho os dois cantos
e os guardo aqui
na poesia
terça-feira, 17 de setembro de 2013
ESSA CARNE
preciso me desvencilhar dessa carne
que cobre os meus olhos
e me impede a miragem
preciso me desvencilhar dessa carne
que cobre a minha glande
e me impede a mensagem
preciso me desvencilhar dessa carne
que me invade
e me impede
preciso me livrar dessa carne
que me torna mais leve que o osso
preciso escapar dessa carne
que me trava o sono
e impede a passagem do sonho
preciso impedir essa carne
comer minhas frases
arrotar minhas fezes
demolir meus disfarces
preciso esquecer essa carne
em algum balcão de embarque
em alguma ladeira abaixo
da altura do meu canto
que cobre os meus olhos
e me impede a miragem
preciso me desvencilhar dessa carne
que cobre a minha glande
e me impede a mensagem
preciso me desvencilhar dessa carne
que me invade
e me impede
preciso me livrar dessa carne
que me torna mais leve que o osso
preciso escapar dessa carne
que me trava o sono
e impede a passagem do sonho
preciso impedir essa carne
comer minhas frases
arrotar minhas fezes
demolir meus disfarces
preciso esquecer essa carne
em algum balcão de embarque
em alguma ladeira abaixo
da altura do meu canto
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
BORBOLETAS
borboletas sobrevoam nossos corpos
e não aprendemos a ser flor
temos a cor e o perfume
e não conseguimos mastigar o estrume
borboletas sobrevoam
nossos ossos nossos órgãos
e não alcançamos
a altura da dor
e não aprendemos a ser flor
temos a cor e o perfume
e não conseguimos mastigar o estrume
borboletas sobrevoam
nossos ossos nossos órgãos
e não alcançamos
a altura da dor
NATUREZA VIVA
há um quadro
em minha cabeça
que eu não consigo reproduzir
é composto de cores
que nem existem
personagens de um mundo distante
sentimentos imaginários
misturo ao meu sangue
mas não tenho pulso para abrir
restam essas palavras
que nem sangue nem água
muito menos as tintas impronunciadas
em minha cabeça
que eu não consigo reproduzir
é composto de cores
que nem existem
personagens de um mundo distante
sentimentos imaginários
misturo ao meu sangue
mas não tenho pulso para abrir
restam essas palavras
que nem sangue nem água
muito menos as tintas impronunciadas
ZONA ERÓGENA
a zona erógena do sol
é a sombra
principalmente quando está molhada
não se explica a sua água
nem a mão que acolhe
a zona erógena do silêncio
é a palavra
não se aplica se for escrita
erógena é a palavra falada
falo o que atravessa
e empala
é a sombra
principalmente quando está molhada
não se explica a sua água
nem a mão que acolhe
a zona erógena do silêncio
é a palavra
não se aplica se for escrita
erógena é a palavra falada
falo o que atravessa
e empala
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
DESENHOS
os desenhos na página
desviam a atenção
portanto observem as palavras
sem prestar atenção
nos desenhos que elas formam
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
SE ACASO PERGUNTAREM POR MIM
se alguém perguntar
diga que não vou voltar
é preciso que esse espaço
esteja limpo
é preciso ocupar
o outro espaço
dos desaparecidos
espaço onde não cabem lembranças
e o corpo pareça
aumentar o espaço
diga que não vou voltar
é preciso que esse espaço
esteja limpo
é preciso ocupar
o outro espaço
dos desaparecidos
espaço onde não cabem lembranças
e o corpo pareça
aumentar o espaço
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
SENTIDOS
para que olhar
se a escuridão é ar
para que ouvir
se o silêncio é o melhor lugar
para que tocar
se nunca vai estar
para que comer
se não há o que digerir
a poesia não precisa de sentidos
se a escuridão é ar
para que ouvir
se o silêncio é o melhor lugar
para que tocar
se nunca vai estar
para que comer
se não há o que digerir
a poesia não precisa de sentidos
INTESTINO E ALMA
meu intestino funciona
várias vezes ao dia
minha alma também
não sei como parar
meu intestino
a alma eu sei
várias vezes ao dia
minha alma também
não sei como parar
meu intestino
a alma eu sei
INCÊNDIO
por enquanto
fico por aqui
se aparecer alguma ideia
eu mando para ti
farei meu
o teu silêncio
farei o possível
para não apagar o incêndio
enrolarei o mundo
e o guardarei no meu fundo
fico por aqui
se aparecer alguma ideia
eu mando para ti
farei meu
o teu silêncio
farei o possível
para não apagar o incêndio
enrolarei o mundo
e o guardarei no meu fundo
ROTA
trezentas bicicletas
ruminaram esse caminho
por onde não sei
andar sozinho
minhas mãos procuram um amparo
um corrimão uma bengala
encontram um braço de rio
de tanto liquefazer
desaprendi a caminhar sobre as águas
afundo antes que as pernas
descubram a verdadeira rota
ruminaram esse caminho
por onde não sei
andar sozinho
minhas mãos procuram um amparo
um corrimão uma bengala
encontram um braço de rio
de tanto liquefazer
desaprendi a caminhar sobre as águas
afundo antes que as pernas
descubram a verdadeira rota
terça-feira, 10 de setembro de 2013
OS LIVROS DA MINHA CASA
não havia livros
em minha casa
eu os fabriquei
com as folhas de papoulas
que havia em meu quintal
palavras que eu não sabia
criei juntando borboletas
formigas lagartas
e outros insetos
que com o tempo
comeram as minhas asas
em minha casa
eu os fabriquei
com as folhas de papoulas
que havia em meu quintal
palavras que eu não sabia
criei juntando borboletas
formigas lagartas
e outros insetos
que com o tempo
comeram as minhas asas
PEQUENO SEGREDO
sou alegre
por parte de pai
triste
por parte de mãe
meus irmãos
não temperam insultos
fabricam desenhos
quando interrogados
eu finjo que estou sóbrio
quando mordo o mundo
entre as minhas secreções
incluo a poesia
é viscosa
cheira mal
mas ocupa mais espaço
em minhas veias que o sangue
eu supero meus medos
deixando tudo isso
em segredo
guardem isso
por parte de pai
triste
por parte de mãe
meus irmãos
não temperam insultos
fabricam desenhos
quando interrogados
eu finjo que estou sóbrio
quando mordo o mundo
entre as minhas secreções
incluo a poesia
é viscosa
cheira mal
mas ocupa mais espaço
em minhas veias que o sangue
eu supero meus medos
deixando tudo isso
em segredo
guardem isso
O ESCRITOR SEM FIBRA
não adianta
nunca conseguirei
ultrapassar os limites estipulados
alcançar o outro lado
onde a palavra guarda
tudo que é necessário
para tornar o silêncio um intruso
não conseguirei
contar a história sem os personagens
transportar o rio sem as margens
não adianta
minhas fibras estão
perpendiculares ao tempo
e ambos se encontram no infinito
SOMBRA DA CHUVA
as sombras
dos pingos da chuva
antes de atingir o solo
formam um estranho desenho
sobre a minha cabeça
ela não sabe onde começa
ela que eu falo
não sei se é a chuva
ou se é a cabeça
talvez as duas saibam
mas fazem questão
de me deixar assim
com essa dúvida
dos pingos da chuva
antes de atingir o solo
formam um estranho desenho
sobre a minha cabeça
ela não sabe onde começa
ela que eu falo
não sei se é a chuva
ou se é a cabeça
talvez as duas saibam
mas fazem questão
de me deixar assim
com essa dúvida
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
ALAMEDAS COM MARCAS
percorri as alamedas
por onde os suicidas caminhavam
minha alma não sentiu meu peso
ficou manchada em cada fala
pouco importa se estou diante do mundo
o que me enxerga não me trará o que faço
posso tudo quando me afasto
e se for puro o lugar onde moro
entupirei de memórias cada frasco
cada falso pensamento
meu corpo não cabe no espelho
sobra tudo mais que me invade
objetos de aço convertidos em sangue
por onde os suicidas caminhavam
minha alma não sentiu meu peso
ficou manchada em cada fala
pouco importa se estou diante do mundo
o que me enxerga não me trará o que faço
posso tudo quando me afasto
e se for puro o lugar onde moro
entupirei de memórias cada frasco
cada falso pensamento
meu corpo não cabe no espelho
sobra tudo mais que me invade
objetos de aço convertidos em sangue
AS TATUAGENS DE DEUS
imito os ateus
e colo tatuagens
nas costas de deus
de modo que ele não veja
de modo que ele não sinta
os desenhos formam
dúvidas incompletas
o corpo do caos
cujos fragmentos
não se tocam
deus nem se percebe
sem pele
quando os outros prisioneiros
o tocam
e colo tatuagens
nas costas de deus
de modo que ele não veja
de modo que ele não sinta
os desenhos formam
dúvidas incompletas
o corpo do caos
cujos fragmentos
não se tocam
deus nem se percebe
sem pele
quando os outros prisioneiros
o tocam
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
INALCANÇÁVEL
o céu está lindo
mas não consigo tocá-lo
assim como a morte
a solidão e a perfeição
e todas as coisas belas
são inalcançáveis
mas não consigo tocá-lo
assim como a morte
a solidão e a perfeição
e todas as coisas belas
são inalcançáveis
PALAVRAS COMIDAS
impressionou-me as palavras
deixadas sobre a mesa
soube após a ingestão
algumas engoli
outras bebi
depois de mastigadas
pareciam comidas
as palavras
deixadas sobre a mesa
soube após a ingestão
algumas engoli
outras bebi
depois de mastigadas
pareciam comidas
as palavras
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
ANTIGO
minha sombra
parece comigo
apenas tenho um pouco
mais de sangue
sou mais escuro
e mais antigo
parece comigo
apenas tenho um pouco
mais de sangue
sou mais escuro
e mais antigo
APRAZ
tudo que me apraz
não cabe na minha cabeça
ela é maior que o mundo
nem é ela quem pensa
não penso caber no mundo
nem eu nem minha cabeça
o mundo não foi feito
para se caber
o mundo é um lugar descabido
cabemos quando sumimos
não cabe na minha cabeça
ela é maior que o mundo
nem é ela quem pensa
não penso caber no mundo
nem eu nem minha cabeça
o mundo não foi feito
para se caber
o mundo é um lugar descabido
cabemos quando sumimos
DEMOLIÇÃO
desemborcar o mundo
até cometer os segundos
antes de acordar o tempo
depois repetir a demolição
até o sol sobrar na mão
até cometer os segundos
antes de acordar o tempo
depois repetir a demolição
até o sol sobrar na mão
terça-feira, 3 de setembro de 2013
FALEMOS
falemos do mundo
da vida
falemos de mim
de alguém fora de mim
mas perto
de alguém dentro de mim
mas longe
falemos do que nos mantém atentos
dos adendos pendurados nas palavras
falemos sem marcar a boca
sem deixar o ruído
desmanchar o centro
poucos entendem
a caligrafia que o poema
tem por dentro
mesmo assim precisamos
continuar falando
da vida
falemos de mim
de alguém fora de mim
mas perto
de alguém dentro de mim
mas longe
falemos do que nos mantém atentos
dos adendos pendurados nas palavras
falemos sem marcar a boca
sem deixar o ruído
desmanchar o centro
poucos entendem
a caligrafia que o poema
tem por dentro
mesmo assim precisamos
continuar falando
GLOBO OCULAR
meu globo ocular
está perdido em alguma galáxia
ainda não sabem se é habitado ou não
ainda não sabem se existe água
meu globo ocular
nem sabe que está perdido
em alguma galáxia
enxerga esse mundo
de alguma posição
onde não me atrevo estar
está perdido em alguma galáxia
ainda não sabem se é habitado ou não
ainda não sabem se existe água
meu globo ocular
nem sabe que está perdido
em alguma galáxia
enxerga esse mundo
de alguma posição
onde não me atrevo estar
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
SEM DOR
nunca mais
meu coração doeu
acho que ele
já morreu
ontem encontrei seus vestígios
entre papeis antigos
ocupava a parte
entre as palavras
e o silêncio
meu coração
transpira incêndios
queima o meu corpo
por dentro
meu coração doeu
acho que ele
já morreu
ontem encontrei seus vestígios
entre papeis antigos
ocupava a parte
entre as palavras
e o silêncio
meu coração
transpira incêndios
queima o meu corpo
por dentro
OLHANDO PARA A LUA
não percas tempo
olhando para a lua
ela nem sabe
que existes
ela nem sabe
que é triste
ela não sabe de nada
não percas tempo
olhando para a rua
ela também
não sabe de nada
mas é onde cabe
os teus pés
olhando para a lua
ela nem sabe
que existes
ela nem sabe
que é triste
ela não sabe de nada
não percas tempo
olhando para a rua
ela também
não sabe de nada
mas é onde cabe
os teus pés
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LUNAR
a lua ao fundo antes da lua a árvore com seu vestido verde e sapatos escuros entre os cabelos da árvore a lua ao fundo ou a ...
-
minha baixa imunidade não me permite tocar as palavras esse meu silêncio pelo que me lembro antecipa meus ossos gostaria de ve...
-
todo mundo dói no meu sexo labirinto sem segredos todo sexo dói no meu mundo
-
a vida corre mais rápida que nós precisamos encontrar a velocidade da flor e ficar