as mães sempre voltam
mesmo as que não são aladas
mesmo as que são feitas de
espuma
e que flutuam longe do alcance
de nossos olhos
as mães sempre voltam
mesmo as degoladas
cujos rostos não são mais
possíveis
e mesmo as cegas
nos alcançarão com o tato
ou as cegas amputadas
nos encontrarão pelo cheiro
as mães sempre voltam
mesmo as mortas
que nos ofuscam
com a sua luz embalsada
as mães sempre voltam
mesmo que não queiram
mesmo que nem existam
brotarão do tronco da memória
repleta de tristezas
interrompida aqui e ali
por algo parecido com a alegria
e nem saberemos que é alegria
mesmo assim será suficiente
para nos fazer sorrir
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