ela expulsou meu
ventre
quando eu era insosso
expulsou meu ventre
quando eu saía do
estado líquido para o gasoso
ela expulsou meu
ventre
como o balão expulsa o
ar
lambendo a labareda
provocando náuseas
no tubo do absurdo
ela expulsou meu
ventre
entre dentes
entrementes
eu nem era boca
enquanto pronunciava
discurso do cinema
mudo
ela expulsou meu
ventre
sem usar espadas
nem construir paraísos
expulsou sem usar as
mãos
nem cavar juízos
nem buscar motivos
expulsou como quem
come
como quem some
como quem nome
como quem deita
dormente
como quem sonha ter
dentes
como se eu tivesse ventre
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