nunca fui bom de contas
meu colar de contas sempre foi de pedras ou de perdas
da minha cabeça só enxergava o osso
nem cabia em meu pescoço
pendurado na ponta da janela
esperava um aceno borrado de veneno
ou de qualquer outra forma de despedida
que me levasse dessa vida
para dentro do mundo
onde num segundo compreendesse o tempo
mas eu nunca fui bom de contas
uso os dedos para somar meus medos
porque as perdas não são multiplicadas
diminuem juntamente com as cartilagens adquiridas
entre uma e outra ferida
nunca fui bom de contas
tudo sempre dividi ao meio
entre o que ainda vem e o que já veio
porque o agora nunca está na hora
o presente está sempre em fuga
deixando o rastro no meu corpo nessas rugas
Um comentário:
Excelente poesia. Poema é filosofia, uma forma de enxergar o mundo..Abraç~so
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