ninguém curte a minha angústia publicada
curtem minhas piadas
meus desenhos precipitados
alguns poemas equivocados
no entanto minha angústia
a que publico de maneira mais clara
mais evidente mais pura
não se segura numa página
escorre sob a força do olhar e se deposita
sobre a anterior que repousa sobre a anterior
que repousa sobre a anterior
sobre a anterior que se acumula
sobre o tempo que com a sua gula
a mastiga lentamente uma letra para cada dente
da sua boca infinita
e ao seu hálito misturo a minha existência
finjo que sou suas palavras
quando ainda estão sendo pensadas
mas que nunca serão ditas
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