sexta-feira, 22 de maio de 2015

CHOVENDO SEM ÁGUA



não gosto de dirigir na chuva
prefiro caminhar com a camisa colada nas costas
e a tinta azul do céu misturada à tinta que imagino
deve estar guardada por trás de todas essas portas
descanso a ponta de um passo na margem da poça
a outra ponta mergulho sem alcançar o fundo
e o cóccix que parecia vivo boia com a alma erguida
talvez se despedindo ou pedindo alguma ajuda
ainda não sei por que me acalmo
a água me torna parte da paisagem
escorro pelo ralo e assumo

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