quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

NUNCA PERGUNTEI PELOS SEUS OSSOS

eu nunca perguntei
como vão seus ossos
eu olhava para a sua carne
como se fosse a alma
eu não enxergava
mas compreendia
a necessidade de alguns reparos
porém os ossos
esses estavam ali
como estavam as árvores
que nos sustentavam
colhíamos frutos
parecidos com sorrisos
embora nunca estivessem maduros
e comíamos lembrando da sede
que embebedou nossa fome
pelos seus ossos
eu nunca perguntei
talvez por isso me abstenha
de recolhê-los
ou moê-los e plantá-los
no canto do muro
que retém o passado
na esperança
que o esqueleto da memória
nos converta em história


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