quinta-feira, 30 de setembro de 2010

LIRA DOS CINQUENTANOS

comi cinquenta anos
e não me dei por satisfeito
plantei pentelhos no medo
depois depilei
plantei milhares de dedos
depois decepei

comi cinquenta humanos
e não me dão por suspeito
quando o rio cobriu
fingi que era o leito
antes de tudo começar
fingi que estava feito

comi cinquenta manos
e não me dá o sujeito
motivos para ser o predicado
motivos pra ser indelicado
com o tempo que me comeu
a fome de ter passado

Um comentário:

Anônimo disse...

pois, então! afiadíssimo. parabéns pelo poema e pelos cinquentanos...

DANO

  palavras invisíveis despregam do sono   é feita de giz a raiz do abandono   minha solidão não tem dono