quinta-feira, 3 de setembro de 2009

estrangeira



a poesia não faz fronteira
com nenhum país
não fala o meu idioma
nem o teu
não sabe quantas vezes
gira ao redor do homem
durante um ano
não sabe a dor
do lado escuro da lua
não sabe andar nua
nem vestida
não sabe olhar sem se ver
não demonstra culpa
quando não é entendida
ou quando o seu sentido
e a sua forma
não acompanham o nosso desejo
ou o seu ritmo está fora do nosso
e não desvendamos o que
seu passo quer marcar
a poesia não quer comida
mas alimenta
não quer vida
mas se movimenta
não quer intimidade
quer ficar trancada no ar
esperando o nosso respirar

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