segunda-feira, 18 de abril de 2011

GIACOMO LEOPARDI

CANTO XXVIII - A SI MESMO



Repousa para sempre,

Meu coração cansado. O engano extremo

Que acreditei eterno – é morto. Sinto

Em nós de enganos puros,

Não que a esperança: o desejo já extinto.

Dorme até nunca – e o muito

Que pulsaste. Não vale coisa alguma

O impulso teu, nem de um suspiro é digna

A terra: amarga e balda

É a vida, mais que tudo – e lama o mundo.

Aquieta-te, não creias

Numa outra vez. Ao querer nosso o fado

Paga em morte: despreza-te, por fim,

E à natureza, e ao mudo

Poder que – ingente – à comum perda leva,

E à infinita vaidade de tudo.


(Tradução de Renato Suttana)

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