soube a dor
quem depositou o peso
sobre o poema e o abandonou
quem deixou a cor arder
mesmo apagada
quem pisou sem ver
quem viu e voou
quem soube caminhar
e não chegou
quem respirou o ar que acabou
quem soube retirar a pele
antes do corte
quem descobriu ser desnecessário
ser forte
quem se juntou aos fracos
e inventou abraços
quem enxergou árvores no escuro
e não soube do futuro
quem não leu
quem não escreveu
quem nunca percebeu
que era puro
deixar ser peso
mesmo duro
deixar a lentidão
verter a solidão
quem nunca encheu o gesto
de impossíveis objetos
quem nunca imaginou seu fim
sendo simples marfim
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